quinta-feira, 30 de abril de 2009

BAIANO NA REFORMA ORTOGRÁFICA




Baiano na Reforma Ortográfica

Como alguém consegue pronunciar RUMÁLADISGRAÇA ???
O baiano consegue!

BAIANÊS
TRADUÇÃO


Colé, meu bródi! -
Olá, amigo.
Colé, meu peixe!
Olá, amigo.
Colé, men!
Olá, amigo.
Diga aê, disgraça!
Olá, amigo.
Digái, negão!
Olá, amigo. (independente da cor do amigo)
E aí, viado!
Olá, amigo. (independente da opção sexual do amigo)
E aê, meu rei?
Olá amigo.
Ô, véi!
Olá amigo.
Diga, mô pai!
Oi para você também, amigo!
Êa!
Olá, amigo.
Colé de mêrmo?
Como vai você?
É niuma, misere.
Sem problemas, amigo.
Relaxe mô fiu.
Sem problemas, amigo.
Cê tá ligado qui cê é minha corrente, né vei?
Você sabe que é meu bom amigo, não é?
Bó pu regui, negão?
Vamos para a festa, amigo?
Aí cê me quebra, né bacana.
Aí você me prejudica, não é meu amigo?
Aooonde!
Não mesmo!
Vô quexá aquela pirigueti.
Vou paquerar aquela garota.
Vô cumê água.
Vou beber (álcool).
Colé de mermo?
O que é que você quer mesmo? (Caso notável de compactação!)
Eu tô ligado que cê tá ligado na de colé de merma.
Estou ciente do seu conhecimento a respeito do assunto.
O brother tirou uma onda da porra.
O cara se achou.
Tá me tirando de otário é?
Está me fazendo de bobo?
Tá me comediando é?
Está me fazendo de bobo?
Se plante!
Fique na sua.
Se bote aí, vá!
Chamada ao combate físico.
Eu me saí logo.
Eu evitei a situação.
Shhh... Ai, mainhaaa.
Até hoje não se sabe a tradução. Sabe-se apenas que nas músicas de pagode, o vocalista está excitado com sua respectiva amante.
Ôxe!
Todo baiano usa essa expressão para tudo, mas um forasteiro nunca acerta quando usa.
Lá ele! ou Lá nele!
VIADO

Lasquei em banda!
Meteu sem dó nem pena.
Biriba nela mô pai.
Manda ver! (no sentido sexual da coisa)
Ó paí ó!
Olhe para aí, olhe!
Num tô comeno reggae!
Não estar acreditando ou dando muita importância.
Num tô comeno reggae de (fulano)!
Não estar com medo de provocação/ameaça de (fulano)
Tome na seqüência misere.
Tomar o troco de algo ruim que você fez.
Eu quero prova e R$ 1,00 de Big-Big!
Não acreditar. O Big-Big é um chiclete muito valorizado por pessoas de todas as classes.
Sai do chão!
Frase típica e predileta das bandas de axé. O intuito da mesma é de que indivíduo se agite e curta o som tocado em questão.
Rumálaporra!
Agir violentamente contra alguém ou algo.
Rumáladisgraça!
Agir violentamente contra alguém ou algo.
Picá a porra!
Agir violentamente contra alguém ou algo.
Ei, ó o auê aí ô!
Tida como única frase universal a utilizar apenas vogais e ter sentido completo, significa parem de baderna.
Bó batê o baba?
Chamar os amigos para uma partida de futebol.
Bó pu reggae?
Chamar os amigos para a balada.
Salvador é também conhecida por ser uma cidade cujo dialeto deu um lar aos mais diversos impropérios do cancioneiro popular local.
Possivelmente você um dia já foi convidado a visitar a Casa da Porra, a Casa do Caralho, a Casa da Desgraça!
Lá também existe a Casa de Noca que ninguém sabe onde fica, mas sabe-se que lá sempre o couro come.

COLABORAÇÃO: CHINA BASTOS MEU CUMPADÊ DE COMER ÁGUA







segunda-feira, 27 de abril de 2009

ENTREVISTA COM O PROFº ASARIAS FAVACHO, AUTOR DO LIVRO "Cotidiano Comum no Incomum: Chegando a hora da saída."




Asarias Favacho e o Profº Edilson Moura Secretário de Cultura do Estado do Pará, autor do Prefácio do livro.

Prof. Asarias porque escrever um livro?

No nosso País, e no resto do mundo capitalista os meios de comunicação, em massa, tornam-se meios de alienação, de manutenção hegemônica, uma espécie de dominação. Assim, resumidamente, o livro é uma forma de comunicação, um espaço alternativo, diga-se de passagem, milenar, para a formação, para a reflexão a cerca dos debates estruturantes da sociedade, da cultura, da arte e tantos outros assuntos. Por isso, achei interessante me comunicar com o outro, através de um livro. Vale ressaltar, que o livro em minha concepção não se esgota nos parágrafos ou laudas impressas, vai para além disto.

Cotidiano Comum no Incomum:
Chegando a hora da saída.
Fala um pouco dessa obra e por que tem esse título?.


Essa obra nasceu a partir de uma observação na fila de um Banco. Quando percebi tantos problemas, como as filas, os desconfortos; uma verdadeira a romaria para se chegar ao caixa, seja para pagar contas, para sacar dinheiro ou para receber o salário. Em seguida, no mesmo dia quando voltava para casa, vi um estudante questionando com um determinado cobrador o direito a meia passagem. Essas questões levaram-me a reflexão e comecei a problematizá-las, acrescentei alguns outros fatos comuns do dia-a-dia e passei a escrever a obra que inicialmente tinha como título “Fila de Banco”.
No decorrer do processo e como sou professor e “ex-dirigente sindical”, tentei chamar a atenção para alguns fatos políticos, culturais, educacionais, da nossa sociedade, só então percebi que o livro poderia ser uma sacada para descortinar, algumas questões que estão obscuras em nossa sociedade, como por exemplo, os constantes conflitos que acontecem entre os trabalhadores; as submissões em época de eleições; o papel da ideologia; a produção e o trabalho assalariado e tantas outras temáticas que estão explícitas no livro e certamente contribuirão para desmascarar, como já mencionei, os verdadeiros provocadores dos CONFLITOS SOCIAIS.
Chama-se Cotidiano Comum no Incomum: Chegando na hora da Saída por dois motivos: Primeiro porque trata-se de questões corriqueiras, comuns, que acontecem com vários trabalhadores no decorrer do dia. Segundo tentei chamar o modo de produção capitalista de Incomum visto que se contrapõe ao Comum de Comunismo. Eu diria que é simbolismo de Sociólogo que tem esperança de contribuir com algumas mudanças.


O Que influenciou mais nesta obra, a militância partidária ou acadêmica?

Acredito que a formação de um determinado cidadão não pode ser compartimentalizada, ou distribuídas em caixinhas, quem trabalha desta forma certamente tem intenções perversas. Por isso, acredito que a minha vida cotidiana, através das observações diárias, em conjunto com a minha militância partidária que antecede a acadêmica, foi fundamental para esta obra. Por outro lado sem a convivência e a formação acadêmica, talvez eu não tivesse condições de aprofundar cientificamente e repassar através da literatura alguns fatos e/ou conflitos. Sócios-culturais presentes no seio da sociedade.
Então eu diria que um conjunto de ações micros ou macros influenciaram para esta obra. Eu não gostaria de mensurar a maior ou menor contribuição, visto que todas as contribuições são importantes e dependem muito do momento histórico vivenciado.

A experiência como escritor,

Não posso negar que é um momento ímpar. O contato com a literatura quebrou alguns sectarismos presentes em meus pensamentos. Eu não tenho dúvidas que virão mais livros que narrarão, contarão as realidades sociais e políticas que estão mascaradas no nosso País. Essa primeira experiência me incentivou a pensar em escrever outras obras como por exemplo, um livro de sociologia para 7ª e 8ª séries, com algumas realidades regionalizadas.

Ler é um habito! e escrever também é?


A leitura tornou-se um hábito a partir do momento em que eu tive que ler cotidianamente para poder dar conta de meu curso na academia, e para dar as minhas aulas para o ensino Fundamental e Superior, o meu lugar favorito para a leitura eram os ônibus, mesmo sabendo como é prejudicial ler em ônibus, mas eu gostava. Após a necessidade, posso dizer que a leitura tornou-se um hábito prazeroso e necessário. Já a escrita é um hábito que possuo desde adolescente, quando escrevia várias poesias, cartas e até me arrisquei a escrever uma pequena peça teatral. Talvez a escrita esteja mais presente em minha vida que a leitura, ou então ambas caminham juntas, eu não sei bem quem vem primeiro, ou qual é de fato um hábito, pois sem a leitura de mundo acredito que não conseguiria escrever a respeito de muitas coisas.






segunda-feira, 20 de abril de 2009

I Sarau das Poéticas Indígenas















I Sarau das Poéticas Indígenas é reunir índios, escritores indígenas e de outras origens, clássicos e contemporâneos, cuja obra tenha inspiração indígena de alguma região do Brasil. Poéticas, pois aqui não cabe apenas uma única poética, a ocidental ou aristóteleana, mas sua diversidade que vive nos cânticos, na história oral, no ritual indígena, tendo em comum a inventividade e o encantamento com a palavra e suas possibilidades. Essa reunião de poetas e poéticas pretende dar projeção e ânimo a este ainda singelo movimento intercultural e literário que é o da literatura indígena.
REGIÃO NORDESTE

1. Apresentação dos índios Pataxó do Sul da Bahia Manoel Santana e Zé Fragoso.

Sobre o povo Pataxó: Os Pataxó são o povo que travou o primeiro contato com os portugueses na região de Porto Seguro há 509 anos. Sua trajetória é admirável e demonstra grande adaptabilidade frente às adversidades, capacidade de união em prol de seus direitos e resistência cultural. Hoje, com parte de suas terras reconquistadas, fala-se de uma ressurgência Pataxó, na qual índios idosos e jovens buscam resgatar sua cultura ancestral e reviver sua língua nativa.

Sobre os índios que se apresentam: Manoel Santana é um contador de histórias Pataxó da Aldeia Boca da Mata, próximo à cidade de Itamarajú no Sul da Bahia. Segundo o antropólogo Guga Sampaio é “um proseador desinibido, eloqüente e imaginativo”. Zé Fragoso é cacique da aldeia e escritor indígena da Aldeia Tibá, no Prado, Sul da Bahia.


2. Apresentação do índio Pankararu de São Paulo Bino Pankararu

Sobre o índio: Bino Pankararu é uma liderança dos índios Pankararu que vivem no Real Parque, São Paulo, e cumpre função religiosa em sua cultura. Nascido na Aldeia Brejo dos Padres em Pernambuco, ele é um dos muitos índios imigrantes que vieram para a metrópole num pau de arara fugindo da seca, das invasões de suas terras, em busca de novas alternativas de vida.


3. Apresentação e leitura da escritora indígena Eliane Potiguara*

Sobre a escritora: Indicada em 2005 para o Prêmio Nobel da Paz (Projeto Mil Mulheres do Mundo), Eliane é escritora, autora de METADE CARA, METADE MÁSCARA (Global Editora), professora e ativista indígena. É remanescente Potiguara, coordenadora e fundadora da Rede Grumin de Mulheres Indígenas / Rede de Comunicação Indígena,organização que ganhou o Prêmio Cidadania Internacional da Comunidade Bahai/IRÃ e diretora do INBRAPI (Instituto Indígena Brasileiro para a Propriedade Intelectual). Sites: http://www.elianepotiguara.org.br/ e http://www.grumin.org.br/.

4. Leitura da poeta Graça Graúna, de Pernambuco

Sobre a poeta: Graça é descendente dos índios Potiguara do Rio Grande do Norte e escritora de ensaios, crônicas e poemas. Atualmente, reside em dois lugares: no litoral e no agreste pernambucano. É graduada, tem especialização, mestrado e doutorado em Letras, tendo dedicado-se aos temas de mitos indígenas na literatura infantil e literatura indígena contemporânea no Brasil. Tem vários livros publicados, o mais recente chama-se Tear da Palavra, de 2007. Mantém um blogue.


REGIÃO NORTE

1. Apresentação do antropólogo Pedro Cesarino sobre os índios Marubo

Sobre os índios Marubo: Os Maurbo vivem no Vale do Rio Javari, próximos à fronteira do Amazonas com o Peru. Algumas de suas aldeias são ainda isoladas, enquanto outras vêm sofrendo interferência da população regional. Têm uma vasta tradição oral identificada por antropólogos. Seus “saitis”, narrativas míticas cantadas, que tratam da formação do cosmos, chamam a atenção pelo seu valor poético.

Sobre o antropólogo: Pedro de Niemeyer Cesarino é graduado em filosofia pela Universidade de São Paulo, mestre e doutor em antropologia social pelo Museu Nacional (UFRJ). Especialista em etnologia e tradições orais ameríndias, vem realizando pesquisas junto aos Marubo do Vale do Javari (AM) desde 2004. É também co-editor da revista literária Azougue e colaborador da Companhia Livre da Cooperativa Paulista de Teatro. Atualmente, é pós-doutorando no Departamento de Letras da Universidadede São Paulo.

2. Apresentação dos índios Eurico Baniwa e Juju Murá de São Paulo

Sobre os índios Baniwa: Os Baniwa são índios do Amazonas que vivem no Alto Rio Negro, tendo como ponto de apoio a cidade de São Gabriel da Cachoeira, cidade brasileira com maior população indígena. A arte Baniwa, particularmente sua cestaria, é conhecida internacionalmente.

Sobre o índio que se apresenta: Eurico Baniwa nasceu na aldeia Baniwa do Rio Içna, do Alto Rio Negro. Formou-se em Filosofia em Manaus, trabalhou com saúde e educação entre os índios Ianomami. Desde 2004 está em SP, aonde estuda Direito e atua no IDET (Instituto das Tradições Indígenas).

Sobre os índios Mura: Os Mura são índios do Amazonas. Contatados nos Século XVIII por uma missão jesuítica que visava se assentar às margens do Rio Madeira e pelo sistema colonial do Grão Pará, os Mura registram longa convivência com a sociedade nacional, história marcada pela escravidão no período colonial e o trabalho semi-escravo para os patrões que monopolizavam o extrativismo da castanha-do-pará na área indígena. Em 1996 a FUNAI deu início à demarcação de suas terras. O povo Mura vive hoje em fraternidade, na margem do Rio Madeira, em harmonia com a mãe terra, cultivando a tradição milenar.

Sobre a índia que se apresenta: Juju Mura nasceu no Amazonas, na comunidade Manaquiri, e veio para São Paulo em 2001 para realizar seus estudos. Formou-se em pedagogia na FAAC, fez docência de ensino superior, é professora e divulga a cultura indígena em Cotia-SP.


3. A declamadora Tatiana Fraga lê obras dos poetas Joaquim Sousândrade e Raul Bopp

Sobre o poeta Joaquim Sousândrade: Joaquim Sousândrade foi um poeta maranhense que viveu no Século XIX que recorreu ao multilinguismo para incorporar o elemento indígena amazônico ao seu poema épico O Guesa Errante (1874). Morreu em São Luis, na miséria e sendo considerado louco. Sua obra veio ser reconhecida por Haroldo de Campos na década de 60.

Sobre o poeta Raul Bopp: Raul Bopp, nasceu no Rio Grande do Sul viveu no início do Século XX. Formado em direito, viajou o Brasil e escreveu sua obra prima, Cobra Norato, sobre a Amazônia. Integrou o grupo paulista do modernismo, cujas correntes verde-amarelas (Pau Brasil) e antropofágicas fez parte.

Sobre a declamadora: Tatiana Fraga é poeta e coordenadora de arte da Casa das Rosas.

4. Leitura da escritora Deborah Goldemberg

Sobre a escritora: Deborah Goldemberg, paulistana, é formada em antropologia e é escritora. Tem diversas publicações de crônicas, poemas e artigos em coletâneas e jornais. É atuante no movimento literário paulistano e curadora do I Sarau das Poéticas Indígenas da Casa das Rosas. Seu primeiro livro, Ressurgência Icamiaba, é uma novela baseada na lenda amazônica das guerreiras Icamiabas, uma neo-lenda multiétnica e transbrasileira. Mantém o blog literário ressurgenciaicamiaba.blogspot.com


SUL E SUDESTE DO PAÍS

Introdução geral aos índios do Sul/Sudeste: Os índios Guarani são naturais do Sul e Sudeste do Brasil, vivendo ao longo do litoral desde o Sul de São Paulo até Santa Catarina. Havia um caminho chamado Pearibu, que os ligava ao Paraguai, aonde viviam seus parentes. Com o avanço da escravidão portuguesa, eles recuaram mais para o Oeste, concentrando-se no Paraguai (Benedito Prezia, 2001). A experiência das Missões Jesuíticas do Século XVII, reduções cristãs criadas nas fronteiras do Brasil com a Argentina e Paraguai, deram margem à uma troca cultural inusitada, pois a arte e a música eram ali altamente valorizadas. Após a destruição das missões, muitos índios foram trazidos para São Paulo como escravos, influindo na cultura mestiça. No início do Século XIX, famílias Guarani começaram a voltar para São Paulo e hoje há três comunidades estabelecidas com cerca de 800 índios vivendo nelas. O Guarani é a língua indígena mais falada no Brasil, com 50 mil falantes. Há 4 dialetos: kaiowá, nhandeva, m’bya e tupi-guarani. No Paraguai, cerca de 3 milhões de pessoas falam o guarani paraguaio.

1. Apresentação dos índios Guarani Nhandeva

Sobre a índia: Poty Porã é professora indígena, estudou na PUC e na Universidade de São Paulo.

Sobre o índio: William Macena é uma liderança indígena e monitor do CECI, Centro Educacional de Cultura Indígena de São Paulo.


2. Leitura do escritor indígena Olivio Jekupe

Sobre o escritor: Olívio Jekupe escreve poesia desde os 15 anos, cursou filosofia na PUC Paraná e na USP. É escritor de diversos livros indígenas e é muito requisitado para palestras sobre a temática, inclusive fora do Brasil. Atualmente vive na Aldeia Krukutu, em Parelheiros, São Paulo, com sua esposa e quatro filhos.


3. A declamadora Nicole Cristófalo lê o escritor José de Alencar e o poeta Gonçalves Dias.

Sobre o poeta: Gonçalves Dias, 1823-1864 é considerado o poeta nacional por excelência, tendo conseguido dar vida ao tema do índio na poesia brasileira.

Sobre o escritor: José de Alencar, nascido em Fortaleza, viveu o Brasil Imperial do Século XIX no Rio de Janeiro e é o grande nome da prosa romântica brasileira. Sua obra tem uma forte linha indigenista que inclui alguns de seus romances mais famosos, tal como O Guarani (1857), Iracema (1865) e Ubirajara (1870).

Sobre a declamadora: Nicole Cristofalo é poeta, estudante de Letras da Universidade de São Paulo e colaboradora da revista literária Zunái. Desenvolve uma pesquisa sobre o poeta argentino Oliverio Girondo.


4. O declamador João Pedro Ribeiro relembra o modernismo brasileiro, em parceria com os poetas maloqueiristas Caco Pontes e Berimba de Jesus.

Sobre o poeta modernista: Oswald de Andrade, paulistano, foi líder do movimento modernista brasileiro e promotor da Semana de Arte Moderna em 1922. É de sua autoria o Manifesto Antropofágico de 1928, que criticava o academicismo da arte brasileira e buscava valorizar a cultura brasileira.

Sobre o poeta modernista: Mário de Andrade, paulistano, foi líder do movimento modernista brasileiro e promotor da Semana de Arte Moderna em 1922. Pesquisador de etnografia e folclore, seu romance Macunaíma reelabora temas da mitologia indígena com visões folclóricas da Amazônia e do resto do Brasil; é considerado uma das obras capitais da narrativa brasileira no Século XX e o fundamento de uma nova linguagem literária.

Sobre o declamador: João Pedro Ribeiro é descendente de índios Kaingang do Rio Grande do Sul e italianos. Atualmente, cursa lingüística na Faculdade de Letras da USP, escreve e é um grande entusiasta da literatura indígena. Os poetas Caco Pontes e Berimba de Jesus do movimento maloqueirista participarão da declamação.


5. Leitura do escritor Douglas Diegues, de Assunción

Sobre o escritor: Douglas Diegues é escritor, vive na fronteira do Brasil com o Paraguai e escreve numa linguagem que ele auto-denominou como Portunhol Selvagem, misto de português, espanhol e Guarani, inspirada na linguagem que é de fato falada no contexto intercultural do território em que vive. Tem diversos livros publicados, inclusive uma coletânea de poesias Guarani M’Bya, e mantém um blog.


6. Leitura do poeta Pedro Tostes

Sobre o poeta: Pedro Tostes nasceu no Rio de Janeiro e é poeta do movimento paulistano de “Poesia Maloqueirista” Segundo Antonio Vicente Seraphim Pietroforte, professor da FFLCH-USP, “Os maloqueristas são originais assim: um negro, um branco e um índio; mas não são as três raças tristes, nem pretendem afastar as contribuições da cultura Holandesa no Brasil.” Mantém um blog.


7. O declamador indígena Emerson de Oliveira Souza lê um texto do Pajé Florêncio Portillo de 1993.

Sobre o declamador indígena: Emerson de Oliveira Souza é um índio Guarani Nhandeva, residente em São Paulo.

Sobre o pajé: Pajé Florêncio Portillo é do povo Avá Guarani, ou Guarani Nhandeva. O texto Para Deus somos Todos Iguais foi uma apresentação oral dele para os participantes fizeram no Encontro Nacional de Lideranças Indígenas, em Benjamin Aceval, Paraguai. Diante da diversidade étnica, havida naquele encontro, o pajé Florencio fez uma reflexão sobre a diversidade, que deve encontrar uma unidade em Deus, pai de todos.

Sobre o texto: A tradução do guarani para o espanhol foi feita pelo paraguaio Eri Daniel Rojas e a versão portuguesa foi feita por Benedito Prezia, antropólogo e escritor de diversos livros sobre povos indígenas.


Crédito das fotos: Dede Fedrizzi, fotógrafo, e Alikrim Pataxó, modelo.

Sobre o fotógrafo: Dede Fedrizzi já viveu na Espanha, Grécia, Suiça, Alemanha e os Estados Unidos. Hoje, passa a maior parte do tempo em São Paulo, Brasil. É mestre em Artes Plásticas, pela Universidade de Nova Iorque e tem fotografado publicidade e moda em todo o planeta. http://www.dedefedrizzi.com/

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Adeus ao poeta Jônatas


Poeta, escritor e um dos mais importantes intelectuais do movimento negro brasileiro, Jônatas Conceição, 56 anos, faleceu na manhã de hoje no Hospital da Cidade (Salvador) por conta de um câncer digestivo. O sepultamento serà às 16h30 no Jardim da Saudade. Salvador Bahia
Jônatas atuou em várias frentes na luta contra o racismo e valorização da identidade e culturas negras: movimento social, literatura, Carnaval e academia.
"Jônatas era um poeta profundamente ligado às suas raízes em Saubara. Eu sempre disse que ele vivia 'saubariando' a vida", disse, emocionado, o poeta José Carlos Limeira, um dos grandes amigos de Jônatas e companheiro nas letras.
Jônatas foi um dos militantes pioneiros do Movimento Negro Unificado (MNU) e era diretor do bloco afro Ilê Aiyê onde elaborava os cadernos educativos da instituição. Foi professor da Uneb e desenvolveu sua pesquisa de mestrado sobre a poesia dos quilombos intitulada Vozes Quilombolas – Uma Poética Brasileira, publicada em 2005. Em 2000 publicou em companhia de Lindinalva Barbosa a antologia Quilombo de Palavras- a literatura dos afro-descendentes, dentre outras várias obras.
"Era um guereiro incansável na sua aparente quietude. Acho que era como a própria água, um elemento ao qual ele era muito ligado. Ele ia operando transformações profundas de uma maneira na maioria das vezes silenciosa", destaca o também poeta e grande amigo de Jônatas, Landê Onawale.
A literatura foi o principal veículo do vigor político e guereiro de Jônatas, dono de uma personalidade introspectiva. "Jônatas tinha aquele jeito tímido, calado introspectivo, mas transpirava o amor por suas raízes, pelos orixás e pelo Ilê Aiyê", completa Limeira.
Era nos textos que Jônatas deixava transparecer seu pensamento sobre questões como o racismo e desigualdade."No seu jeito calado ele era radical, no sentido, de como diz sua irmã Ana Célia, de quem segue as coisas com horizontalidade e profundidade, como uma raiz. Neste sentido Jônatas realmente deixou marcas profundas em todos os ambientes nos quais atuou", completa Landê.
Pioneirismo é também uma outra palavra bastante usada pelos amigos para defini-lo. Jônatas era um dos mais freqüentes colaboradores do Cadernos Negros, a mais importante publicação brasileira para divulgação da literatura negra.
Em 2007, numa entrevista a A TARDE sobre o lançamento de uma edição do Cadernos em Salvador, ele disse:"Infelizmente, os escritores negros são ainda vozes marginais, no sentido de não conseguirmos furar o bloqueio editorial brasileiro, que é baseado numa ideologia elitista e branca, também em relação à temática, como se nós, negros, não produzíssemos cultura“.
Guardião do compromisso de contar a história de luta do povo negro ele foi o responsável por compilar textos que contam a história de formação do MNU, na coletânea Movimento Negro Unificado- 1978-1988-10 anos de luta contra o racismo. Jônatas deixa um filho de 12 anos, Kayodê.